Nesse conteúdo, abordaremos:
- Características da celulose;
- Etapas da produção de papel;
- Questões ambientais;
Desde a antiguidade, o homem sempre teve necessidade de deixar registros, seja em pedras e pergaminhos. Não se sabe ao certo a sua data de origem, mas até os dias de hoje, papel faz parte do cotidiano da maioria das pessoas; Desde então, a fabricação de papel é de muita importância para a sociedade.
Características da celulose
A matéria prima do papel é a celulose. Ela é um polímero de glicose, classificado como um polissacarídeo, que é extraída de diversos vegetais, pois ela compõe seus tecidos – mais especificamente a parede celular -, conferindo-lhes rigidez e firmeza. Em contrapartida, as árvores não são compostas apenas de celulose. Por isso, na produção de papel é importante o desfibramento, a deslignificação e a lavagem da madeira, ou seja, a retirada dos outros compostos da madeira.
Tipos de Celulose
Existem diferentes categorias de celulose. No Brasil, produzem-se três tipos: a celulose de fibra curta, de fibra longa e a fluff.
Celulose de Fibra Curta
A celulose de fibra curta é originada do eucalipto, possuindo de 0,5 a 2mm de comprimento e é ideal para a produção de papéis, como o papel branco para imprimir e escrever, e também de fins sanitários, pois o papel produzido por ela apresenta menor resistência, alta maciez e boa absorção.
Celulose de Fibra Longa
A celulose de fibra longa, advinda do pinheiro, apresenta comprimentos entre 2 e 5 mm. Ela é utilizada na produção de papéis que demandam mais resistência, como papel cartão.
Fluff
O fluff é produzido a partir da celulose de fibra longa, resultando num papel de alta capacidade de absorção e retenção de líquidos, ambos uniformemente, por isso é utilizada para produtos higiênicos.
A partir do Plano de Metas de Kubitschek no final dos anos 50, o setor industrial aumentou sua escala. As fábricas de papel cresceram em quantidade rapidamente, tomando hoje um espaço muito grande na economia, visto que em 2017 o Brasil firmou-se como o segundo maior produtor da polpa de celulose do mundo, também vale ressaltar que 70% da produção nacional destina-se para a exportação.
Etapas da produção de papel
A produção de papel se dá através de vários processos, podendo eles serem contínuos ou em batelada, integrando diversas áreas diferentes. Ele é feito a partir de troncos de madeiras que passam por diversas etapas produtivas até que chegue nas mãos das pessoas.
Basicamente, busca-se transformar a madeira, convertida em uma matéria-prima fibrosa, em celulose, e após isso produzir o papel. No Brasil, as principais árvores para esse fim são pinheiros e eucaliptos de áreas de reflorestamento. O tipo de madeira e algumas opções de processamento podem variar de acordo com a variedade e qualidade do produto final. As etapas do processo são, geralmente:
Preparação da matéria-prima
Nessa etapa, descasca-se a madeira, gerando toras que serão lascadas e transformadas em cavacos, pequenos pedaços de madeira, e a casca, que é um subproduto que pode ser utilizado como combustível.
Polpação
Após a formação dos cavacos, a lignina, parte inutilizável da madeira que confere resistência às fibras de celulose, retira-se através de diversos processos de polpação, como o processo químico (Processo Kraft), no qual a lignina dissolve-se após cozimento dos cavacos com um licor alcalino. A polpa é, então, formada pela celulose, agora livre de lignina. Como subproduto do processo, forma-se o licor negro, líquido tóxico que deve se tratar adequadamente.
Lavagem e recuperação química
A polpa deve, então, ser lavada, evitando a presença de impurezas, para recuperar quimicamente parte do licor de cozimento, servindo tanto para gerar energia para o próprio processo quanto para evitar o gasto de mais produtos químicos na etapa de branqueamento.
Branqueamento
O branqueamento consiste em aumentar o brilho da polpa através de uma alteração química para produzir papéis brancos, como as folhas de papel para impressão. O processo ocorre com o tratamento de componentes como hipoclorito, cloro, oxigênio, dióxido de cloro, peróxido de hidrogênio e ozônio. Atualmente, busca-se cada vez menos usar compostos de cloro devido ao seu alto potencial contaminante. Quanto mais lignina, mais difícil é o processo de branqueamento, o que torna o papel “amarelado” e resistente, como o papelão.
Preparação de massa
Em seguida, a polpa se transforma em uma pasta proveniente de uma sequência de etapas que envolvem tratamento com aditivos químicos e alterações de temperatura, para que o papel adquira algumas características, como a altura, cor da folha, resistência à umidade e qualidade da impressão.
Fabricação de papel
Na última etapa do processo, coloca-se a pasta na máquina de Fourdrinier, ou máquina de papel, na qual se retira o resto da água. Após isso, o papel passa por alguns equipamentos, como a rebobinadeira e a desenroladeira, para que esteja nas especificações desejadas pelo fabricante.
Questões ambientais
Atualmente, as árvores utilizadas para a produção da pasta de celulose são provenientes das plantações de Eucalipto. Tal alternativa vem sendo grande alvo de críticas, uma vez que o Eucalipto não é uma árvore nacional, ou seja, é um grande problema para a biodiversidade animal e vegetal. Essas árvores possuem grandes e longas raízes, e acabam pegando suprimentos de outras árvores e empobrecendo o solo abaixo dela.
Concomitante a isso, os processos citados acima também carregam problemas para o meio ambiente. Dentre esses processos, a etapa de separação da celulose do resto da madeira, que utiliza o “licor branco” possui uma elevada temperatura e compostos voláteis de enxofre são um grande problema na poluição atmosférica, e qualquer vazamento pode causar um grande estrago, sem contar a enorme dependência de recursos naturais, como a madeira e água.
Por fim, é essencial que as indústrias se preocupem com a sustentabilidade de seus processos. Muitas pesquisas vêm sendo feitas e podem agregar a esse cenário, e os processos podem ser aprimorados através de um bom planejamento sustentável.
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