A história do shampoo teve início por volta dos anos 1500, na Índia, sendo desenvolvido a partir do fruto de um arbusto chamado de sapindus ou ‘fruto do sabão’. Entretanto, nesse período ele ainda era muito diferente do que conhecemos hoje, assim, foi no século XIX que sua atual forma começou a surgir e, somente depois da Segunda Guerra Mundial, a se popularizar. Desse modo, os primeiros shampoo eram basicamente barras de sabão, as quais, com a criação das fórmulas líquidas, caíram em obsolescência.
Em tal ínterim, porém, vê-se nos últimos anos uma tendência no consumo de shampoos em barra, os quais apresentam a mesma funcionalidade dos líquidos tradicionais, mas em outro formato. Explica-se tal fenômeno por diversos fatores, com grande destaque para as questões de cunho ecológico e sustentável.
Neste conteúdo abordaremos:
- Produção de shampoo em barra
- Vantagens desse tipo de shampoo
- Mercado para o produto
Processo produtivo do shampoo em barra
Divide-se o processo produtivo do shampoo em dois tipos: sem saponificação e com saponificação. No primeiro caso, realiza-se a produção com surfactantes, que são aditivos químicos responsáveis por aumentar a solubilidade de compostos orgânicos na água, como os óleos presentes no cabelo, o que auxilia na lavagem. Já no caso dos shampoos com saponificação, é feita uma reação entre óleos, gorduras e substâncias alcalinas, em que a substância alcalina neutraliza os ácidos graxos presentes nos óleos e gorduras e transforma essas matérias-primas em sabão.
Surfactante
Para iniciar a produção de shampoo em barra sem saponificação, mistura-se o surfactante líquido com outros solventes solúveis em água até homogeneizar. Posteriormente, a mistura passa por aquecimento até 80 °C por cerca de 30 minutos. Por fim, o produto passa para a etapa de Mistura.
Dentre os surfactantes mais usados, estão os surfactantes catiônicos, que agridem menos os fios, como cocoamidopropil betaína, Pantenol, tensoativo de coco, entre outros.
Saponificação
Para shampoos em barra produzidos a partir de saponificação, recomenda-se fazer a saponificação a frio, em um processo chamado “Cold Process”. Nele, gordura vegetal pura reage com uma substância alcalina, produzindo sabão e glicerina. Em processos industriais, retira-se a glicerina, sendo esta destinada a outros produtos; em processos artesanais, a glicerina permanece no produto final, e ajuda a limpar o couro cabeludo.
As gorduras vegetais mais usadas nesse processo são óleo de abacate, óleo de babosa, manteiga de cacau e, principalmente, óleo de coco. Para a substância alcalina, escolhe-se hidróxido de sódio.
Mistura
Nessa fase, faz-se a mistura mecânica da substância saponificada com a gordura vegetal novamente, com agitação lenta e constante. Essa etapa é importante para garantir que a mistura está homogeneizada e para aumentar a consistência do líquido.
Posteriormente, adiciona-se uma substância ácida, como o ácido cítrico, para equilibrar o pH do shampoo.
Adição e aquecimento
Nessa etapa, são adicionadas essências, óleo de semente de uva, manteiga de cacau, óleo de coco, óleo essencial de lavanda e outros extras que ajudam a dar brilho e maciez para o cabelo. Assim, é recomendado que essa adição ocorra com a mistura a temperatura de cerca de 40 °C e aqueça até 65 °C, para que ocorra homogeneização dos produtos.
Resfriamento
Após todo o processo, é necessário deixar a mistura esfriar para que ela adquira consistência do shampoo em barra, o que demora cerca de duas horas.
Por fim, na produção artesanal, realiza-se esse resfriamento em moldes de silicone, possibilitando escolher formatos personalizados para o shampoo em barra. Já em escala industrial, existem máquinas que cortam pedaços do shampoo solidificado em formato personalizado, que fazem a estampagem do produto, entre outras funcionalidades. Além disso, em algumas produções, o chega-se ao formato a partir de prensagem.
Vantagens e mercado do shampoo e barra
Como já supracitado, um dos principais destaques do shampoo em barra é, justamente, seu caráter sustentável, em vista de que evita o acúmulo de plástico presente em embalagens, possui menos aditivos poluentes, além de usar menos água em sua fórmula e fabricação, equivalente a uma redução de cerca de 180.000 garrafas de água; gerando, com isso, , geram uma “pegada de carbono” 25% menor. Outro possível benefício é a conveniência, pois duram mais, por serem altamente concentrados, são mais facilmente transportados e no caso masculino, apresentam praticidade pelo fato de poderem servir como sabonete para o corpo e para a barba, ocupando menos espaço no banheiro.
Nesse âmbito, uma tendência mundial é a preferência dos consumidores por produtos “verdes”, “orgânicos”, “livres de” e “veganos”, o que acaba por estimular o segmento de produtos em barras, posto que a maioria é feita a partir de ingredientes naturais. Tal aspecto reflete no Brasil, onde, atualmente, 45% dos brasileiros preferem comprar de marcas que consideram ter responsabilidade social e ambiental, com enfoque para produtos de matéria-prima de origem vegetal e orgânica e, consequentemente, veganos, e sem o uso de embalagens plásticas, aspectos esses presentes no shampoo em barra. Além disso, em solo nacional, a grande variedade e abundância de produtos naturais do país atua como um facilitador para esse mercado.
Com isso, no geral, o ramo de cosméticos intitulado “clean beauty”, marcado pela preocupação ambiental, apresenta assim, estimativas de faturar US$ 22 bilhões até 2024, enquanto o mercado de cosméticos vegano tem projeções de crescimento de 56% até 2030, representando US$ 25,1 bilhões. Nesse cenário diversas marcas já começaram a investir em produtos que se adequem a tal realidade, na qual se encaixa o shampoo em barra e até mesmo o condicionador deste mesmo tipo.
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