Nesse conteúdo, abordaremos:
- O cenário atual envolvendo a reciclagem animal;
- Informações sobre as farinhas de ossos, de carne e ossos e de sangue;
- As principais vantagens da utilização desses produtos;
- Uma breve comparação entre esses tipos de farinhas.
A reciclagem animal no Brasil
A reciclagem animal consiste no processo de transformação de matéria animal crua – em sua maioria rejeito de abatedouros – em nutrientes como proteínas, gorduras e minerais. Esses nutrientes podem ser retornados à cadeia alimentar e produtiva como insumos para diversos produtos. Dentre eles, temos farinha de origem animal, rações animais, sabões e detergentes, combustíveis renováveis como o biodiesel e também como fertilizantes orgânicos.
A indústria da reciclagem animal, que realiza processos de transformação e reutilização da matéria crua, é um dos setores que apresenta maior crescimento no Brasil. Em números, por exemplo, anualmente são processados cerca de 12 milhões de toneladas de matéria crua e produzidas cerca de 5 milhões de toneladas de produtos relacionados, movimentando uma economia de quase R$ 8 bilhões todos os anos. Diante desses números, torna-se evidente a relevância de tal segmento industrial no mercado brasileiro.
Além disso, a indústria da reciclagem animal também traz consigo um forte apelo sustentável uma vez que, em seus processos, transforma resíduos e subprodutos animais (que brutos não teriam utilidade e seriam descartados) em produtos com considerável valor agregado no mercado e renovadores do ciclo de nutrientes na cadeia produtiva.
Outrossim, essa indústria também é responsável por conservar a vida humana reduzindo a quantidade de poluentes gerados pela agroindústria: a carcaça de uma vaca, que sem o processo de reciclagem animal poderia ser queimada como forma de descarte, pode gerar mais de 1 tonelada de gás carbônico na atmosfera, o equivalente a mais de 6 milhões de carros circulando.
Nesse contexto, se torna clara a importância da indústria da reciclagem animal tanto para o meio ambiente como para a economia brasileira. Ela representa uma prática altamente sustentável na pecuária, oferecendo uma destinação útil para produtos que antes seriam descartados como fontes de nutrientes para diversos fins. Além disso, também atua reduzindo a poluição atmosférica gerada na atividade pecuária. Para aprofundar esse conhecimento, nesse conteúdo iremos conhecer mais sobre dois importantes produtos dessa indústria: a farinha de ossos e a farinha de sangue, ambos bem representativos do cenário da reciclagem animal no Brasil.
A farinha de carne e ossos
A farinha de carne e ossos (FCO) é produzida a partir do principal subproduto da indústria animal e dos abatedouros: a carcaça dos animais. Ela representa uma fonte protéica muito grande, possuindo um teor de proteína bruta entre 35% e 55%, além também ser uma relevante fonte de minerais como cálcio e fósforo. Como exemplo, esse tipo de alimento é extremamente relevante para a avicultura pois representa uma maneira de se baratear os custos da produção. Simultaneamente à isso, traz os benefícios apresentados anteriormente no que se refere a fontes de proteína, cálcio e fósforo.
Sua produção ocorre a partir de diversas matérias-primas. Nesse texto trataremos de duas importantes: a farinha de carne e ossos bovinos e a farinha de carne e ossos suínos. Recomendamos a leitura do artigo “Farinha de carne e ossos” para o aprofundamento técnico e melhor compreensão do conteúdo.
Farinha de carne e ossos bovinos
A farinha de carne e ossos bovinos é um produto triturado e em pó resultante do cozimento dos principais subprodutos e resíduos de abate de bovinos, sendo estes constituídos basicamente por ossos, carne e vísceras. Tal matéria-prima é altamente rica em proteínas e gorduras, além de minerais como o cálcio e fósforo, e seu processamento e transformação ocorrem sob normas e fiscalização do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) e de Órgãos Competentes.
Utiliza-se esse tipo de farinha como aditivo alimentar nas rações para animais, apresentando vantagens tanto nutricionais e sanitárias quanto econômicas e possibilitando assim uma maior relação de custo-benefício nesse contexto. O produto contém quantidades satisfatórias de aminoácidos, cálcio e fósforo, facilitando seu uso na formulação de dietas animais e representando uma excelente alternativa a fontes inorgânicas desses minerais.
A farinha de carne e ossos, no que se refere à segurança, é isenta de fatores alergênicos e antinutricionais. Porém, tem seu uso proibido na dieta de ruminantes. Além disso, há também nuances devido às formas e contexto de produção do produto, que devem seguir todas as normas do MAPA para serem seguras.
Todas as farinhas seguem um processo produtivo parecido. Ele geralmente é constituído por:
Farinha de carne e ossos suínos
A farinha de carne e ossos suínos é também um produto triturado e em pó, porém resultante agora do cozimento dos principais subprodutos e resíduos de abate de suínos, sendo estes novamente constituídos basicamente por ossos, carne e vísceras. Assim, como no caso da farinha de carne e ossos bovinos, essa matéria-prima é também altamente rica em proteínas e gorduras, além de minerais como o cálcio e fósforo, e seu processamento e transformação ocorrem mais uma vez sob normas e fiscalização do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) e de Órgãos Competentes.
Da mesma forma como a bovina, o principal uso desse tipo de farinha é como aditivo alimentar nas rações para animais não-ruminantes. Elas apresentam vantagens tanto nutricionais e sanitárias quanto econômicas e possibilitando assim uma maior relação de custo-benefício nesse contexto. O produto também contém quantidades satisfatórias de aminoácidos, cálcio e fósforo, facilitando seu uso na formulação de dietas animais e representando uma excelente alternativa a fontes inorgânicas desses minerais.
Novamente, no quesito segurança, a farinha de carne e ossos suínos é isenta de fatores alergênicos e antinutricionais. Porém, tem seu uso proibido na dieta de ruminantes. Além disso, há mais uma vez nuances devido às formas e contexto de produção do produto, que devem seguir todas as normas do MAPA para serem de fato seguras.
A farinha de ossos
A farinha de ossos, assim como a farinha de carne e ossos, é um produto muito rico em minerais como o fósforo e cálcio, porém não possui o mesmo teor de proteína encontrado nessa última. A produção da farinha de ossos se dá a partir de um processo de calcinação, que consiste basicamente em se aquecer vigorosamente a carcaça animal até se obter um produto de características semelhantes a uma farinha.
Esse processo retira a parte protéica do osso, restando apenas a parte mineral. Assim, gera-se um produto muito relevante no que se refere à fertilização de plantas. A farinha de ossos traz vitaminas e minerais (fósforo, cálcio e magnésio) muito importantes para o solo, se tratando de um fertilizante orgânico e um adubo natural. Esse adubo evita a acidez do solo devido ao cálcio e desenvolve o caule e a raiz das plantas devido ao fósforo. Dessa forma, a farinha de ossos representa o principal fertilizante orgânico fonte de fósforo, elemento essencial no aumento da produtividade de culturas.
A farinha de ossos existe no mercado em três tipos, sendo eles: a crua, possuindo uma coloração amarelada e com alto teor de nitrogênio (2% a 5%) e fósforo (25%); a desengordurada, que passa por uma limpeza em água quente e possui uma concentração diversificada de de nutrientes; e a desgelatinizada, que é submetida a vapor de água e possui teores de 1% de nitrogênio e 35% de fósforo. Além disso, também podem ser utilizadas outras matérias-primas para a produção dessa farinha, notadamente cascos e chifres bovinos.
Essa farinha, como já foi comentado, se trata de um adubo orgânico (ou natural) já que não é um fertilizante químico, trazendo diversos benefícios em sua atuação como fertilizante para plantas. Como a farinha de ossos é orgânica, ela não gera efeitos danosos, como a salinização e acidificação do solo. Esses problemas podem ocorrer de maneira mais frequente mediante a utilização de fertilizantes químicos.
Além disso, essa farinha quando utilizada como adubo também realiza uma espécie de controle biológico no ecossistema. Nesse sentido, ela auxilia na manutenção e na melhora de microorganismos importantes para o solo e também possibilita um controle na população de diversas espécies de nematóides através da facilitação na proliferação de inimigos naturais desses parasitas.
A farinha de sangue
A farinha de sangue é uma farinha em pó, vinda da secagem e do cozimento de sangue animal. Ela possui alto valor de proteínas, sendo essencial para a produção de ração animal (aves, suínos, marinhos e domésticos). Sendo assim, ela substitui opções vegetais, apresentando uma ração balanceada com menor custo de formulação. Ademais, ela também têm aplicação como fertilizante para o solo.
As vantagens em seu uso como ração são: além do baixo custo de produção, é rica em aminoácidos, melhora a palatabilidade e é segura, isto é, é isenta de fatores alergênicos e antinutricionais. Nos fertilizantes, ela tem uma ação rápida, aumentando o nitroso do solo e contribuindo com a diminuição do pH (acidificação do solo). Assim, o é muito alto o custo-benefício do uso dessa farinha.
Para entender um pouco mais sobre ela, devemos entender como funciona o seu processo produtivo. É importante ressaltar que ele é fiscalizado e ocorre de acordo com as normas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Assim, ele também parece com o processo de produção das outras farinhas animais citadas anteriormente. Inicialmente, a matéria-prima é coletada e transportada para uma graxaria.
Na graxaria, ocorre o processamento do sangue e dos demais resíduos. Inicialmente, coloca-se o sangue dentro de um tanque para que ocorra sua coagulação. Após isso, segue para a centrífuga decantadora (centrífuga decanter) para que ocorra a separação das fases. Ao final, ocorre a secagem com o uso de secadores à vapor ou secadores de anéis (utilizam gás quente) e a moagem, seguindo as normas de granulometria.
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